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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

CORAL PEREZ
( VENEZUELA )

 

Havana-Cuba, 1971. Reside na Venezuela desde 1993. Graduado em Letras pela UCV (2005). Editor e pintor. Publicou: crítica literária e ensaios em revistas culturais; as monografias: “Ida Gramcko: o emotivo lúcido” (2006); “Vicente Gerbasi: relâmpago extático entre duas noites” (2007); e “Alfredo Silva Estrada: poesia em processo, labirinto em expansão” (2009); e a coletânea de poemas “Terra sem voz” (2010).
Participou da exposição coletiva de artes visuais: Arte e literatura: vínculos e afinidades (2016). Seus poemas foram antologizados em: "Amanechó de bala. Panorama atual da poesia jovem venezuelana" (2007), "Versos-diversos.
Diversas antologias de gênero sexual contemporâneas e hispano-americanas" (2011), "De pão e canção. Antologia popular poesia" (2015) e "Como uma brasa ardente". Tem em preparação a coletânea de poemas “Vozes da água e da pedra”.

 

TEXTOS EN ESPAÑOL  -  TEXTOS EN PORTUGUÊS

 

AMANECIERON DE BALA. ANTOLOGIA.  Compiladores: Dannybal Reyes Umbria, Ricardo Zarpa Salazar, Vanusa León.   Caracas, Venezuela: Fundación Editorial el perro
y la rana, 2007   ISBN 978-980-396-832-8    308 p.  No. 10 843              Exemplar. Biblioteca de Antonio Miranda

 

Tiempo, distancia hueca: lejanía

Hora exacta o justa de nacer o morir
Hora ambigua de las aguas
Hora de hondo querer
Hora del denso oscurecer del tiempo
Hora en la palabra que deriva,
sentimiento, fuego fósil, si casi nadie las crea
Hora del minuto, hora inútil y larga
Hora de los soplos tras soplos
Hora del irracional golpe de dado
Hora del coral ciego de los sueños
llorando aunque la lluvia brizne todo
con su fina ros de agua
  Lluvias ligeras, inapreensibles
Tiempo incorpóreo transparente
Seco ruído sobre la distancia que de nada está hecho
Soplos
Y te bañas de lluvias opalinas viajeras
de tanto colores y fondos planos
Te sabe la vida al condimento duro de cuerpos y cosas
Te suenan a nada sus voces de  voces que entre ellas
se acaban
Y llueve hialina su transparencia, de huevo invisible
como la distancia, el tiempo ciego, mudo, sordo,
como las fuerzas también éstas que te viven
con tal de



La muerte de mi padre

esa misma caprichosa memoria me confirma el viejo verso de
Lezama:
la primera muerte de un hombre comienza con la muerte de
su madre
aunque en otro verso: deseoso fuera el que huye de su madre.

Casualmente la voz del cantor repite y da em el blanco:
la muerte de mi madre me ha hecho ver toda mi cobardía

ahora esta mi vida me restriega cara a cara:
la muerte de mi padre es como un segundo exilio imposible
un segundo exilio sería una segunda muerte

puedo regresar la mirada al rastro de unas palabras pulsadas
[y gastadas
en la máquina que no sonará ni de día ni de noche
ni el nel irrepetible tiempo de mi cuarto

en mis papeles de antes copié, pero no es otra la voz que me
[lo repite:
un nuevo rostro al que tenemos amor es espejo del pasado

no he visto otra vez al amigo
veo y recuerdo de nuevo su cuadro pop
esa bandera en rojo y verde
con una hermosa y tremenda propaganda por estrella: la
[palabra tiempo
como una vieja y visionaria verdad dicha en dos sentidos
[o tiempos opuestos
que es esa otra y misma bandera suya
lavada y lavada por el tiempo



Rito 18

un niño monta un perro
una nevera hace de ataúd
arrastrándolo todo
baja el agua

a tres cuadras pasó esta mañana
se llevó al loco del pueblo
abrazando a la evangélica que tanto me gustaba
esta tarde pasó por aquí
llegó al segundo piso
tomó café
los canarios sonrientes
aferrados a una pequeña estampita religiosa
que no sirvió como tabla de salvación

ellos se fueron también
iba de prisa
cruzó mal en la esquina
se estrelló en la pared de enfrente
donde días antes se estrelló una moto
adormilado
casi ebrio
sembré un cactus en el balcón
hice cruces de sal
seguí durmiendo
porque yo espanto el agua
con cactus y cruces de sal



Rito 19

frente a mí
el mural de César Rengifo
el mito de Amalivaca
tumbado
talado yace un indígena
que hace las veces de epitafio

contempló en su última noche los días pasados
nuestra hambre la saciaron sus tierras
su hambre la sació la muerte
a mi izquierda
dos indigentes hacen el amor
juegan a las caricias y el mugre se aparta
juegan a que se besan y disfrazan su aliento
se susurran poemas cursis
de rocolas de burdel
“eres mi bien lo que me tiene extasiado”
a mi derecha
no hay nada
en esta escena hago mutis

doy vuelta
abro un libro
quizás un último verso
surrealista

 

TEXTOS EM PORTUGUÊS
Tradução de ANTONIO MIRANDA

 

Tiempo, distancia hueca: lejanía

Hora exata ou justa para fazer ou morrer
Hora ambígua das águas
Hora de profundo querer
Hora do denso escurecer do tempo
Hora na palavra que deriva,
sentimento, fogo fóssil, se quase nada as cria
Hora do minuto, hora inútil e longa
Hora dos sopros depois sopros
Hora do irracional golpe de dado
Hora do coral cego dos sonhos
chorando embora a chuva molhe tudo
com seu fino saco de água
  Chuvas ligeiras, incompreensíveis


Tempo incorpóreo transparente
Seco ruído sobre a distância que de nada está feito
Sopros
E te banhas de chuvas opalinas viajantes
de tantas cores e fundos planos
Sabe vida o condimento duro de corpos e coisas
Soam a nada suas vozes de  vozes que entre elas
se acabam
E chove hialina sua transparência, de ovo invisível
como a distância, o tempo cego, mudo, surdo,
como as forças também estas que te vivem
contanto que



A
morte de meu pai

essa mesma caprichosa memória me confirma o velho verso de
Lezama:
a primeira morte de um homem começa com a morte de
sua mãe
embora em outro verso: desejoso era o que foge de sua mãe.

Casualmente a voz do cantor repete y da no branco:
a morte de minha mãe me fez ver toda a minha covardia

agora esta minha vida me esfrega cara a cara:
a morte de meu pai é como um segundo exílio impossível
um segundo exílio seria uma segunda morte

posso regressar a mirada ao rastro de umas palavras pulsadas
[ desgastadas
na máquina que no soará nem de dia nem de noite
nem no irrepetível tempo de meu quarto

em meus papéis de antes copiei, mas não é outra a voz que                                                                                           
[me repete:
um novo rosto ao que temos amor é um espelho do passado

não vi outra vez o amigo
vejo e relembro de novo seu quadro pop
essa bandeira vermelha e verde
com uma formosa e tremenda propaganda por estrela: a
[palavra tempo
como uma velha e visionária verdade dita em dois sentidos
[ou tempos opostos
que é essa outra e mesma bandeira sua
lavada e lavada pelo tempo



Rito 18

um menino monta um cachorro
uma geladeira faz-se de ataúde
arrastrando tudo
pela água

a três quadras passou esta manhã
levou o louco d0 povoado
abraçando a evangélica que eu tanto apreciava
esta tarde passou por aqui
chegou ao segundo andar
bebeu café
os canários sorridentes
agarrados a uma pequena estampilha religiosa
que não sirviu como tábua de salvação

eles também se foram
ia de pressa
cruzou mal na esquina
estrelou-se na parede enfrente
onde dias antes espatifou-se uma moto
com sono
quase ébrio
semeei um cacto no balcão
fiz cruzes de sal
continuei dormindo
porque eu espanto a água
com cactos e cruzes de sal



Rito 19

diante de mim
o mural de César Rengifo
o mito de Amalivaca
entubado
derrubado jaz um indígena
que faz as vezes de epitáfio

contemplou em sua última noite os dias
passados
nossa fome foram saciadas em suas terras
sua fome saciou-a a morte
à minha esquerda
dois moradores de rua fazem o amor
brincam com as carícias e a sujeira se afasta
brincam que se beijam e disfarçam a respiração
sussurram poemas cafonas
de rockolas de bordel
“és o meu bem o que me mantém extasiado”
à minha direita
no tem nada
nesta cena faço a saída

dou uma volta
abro um livro
talvez um último verso
surrealista


*
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Página publicada em agosto de 2024

      

 

 

 
 
 
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